quinta-feira, junho 26, 2008

Estreia da Semana

Pergunta que se põe desde já! Será Speed Racer uma boa aposta dos irmãos Wachowski depois de Matrix? Não iremos responder para já, apesar de pairar no ar um mau agouro, mas iremos antes contar-vos uma pequena história que ilustra as nossas expectativas...
No dia do seu 14.º aniversário, um rapaz recebe um cavalo como presente. Na aldeia, toda a gente disse: ‘que maravilha’. Mas, um mestre zen, que vivia na aldeia, disse: ‘veremos’. Um dia, o rapaz cai do cavalo e parte um pé. ‘Que horror?, disseram as pessoas. O mestre zen disse: ‘veremos’. A aldeia entrou em guerra e os jovens foram chamados para ir combater. Por causa do pé partido, o jovem não foi. ‘Que maravilha’, voltaram a dizer as pessoas, ao que o mestre zen respondeu: ‘veremos’…

E temos dito!

quarta-feira, junho 25, 2008

Assembleia Geral

Talvez o maior elogio que se possa fazer a Assembly, do realizador chinês Feng Xiaogang (A World Without Thieves), é que esta sua nova obra transcende qualquer ideologia política que possa deixar transparecer. O filme narra as campanhas militares, durante os anos 40 e 50, da China comunista e é técnicamente assombroso, quer ao nível de um sólido naipe de actores, quer ao nível da encenação e orquestração das elaboradas cenas de batalha. E é aqui que nos deixámos supreender, pois nem por um único momento, as ditas cenas de guerra fazem com que nos esqueçamos do bom argumento que as une, muito por mérito do actor Zhang Hanyou.
É uma agradável e generosa surpresa, de um cineasta que nos tinha deixado um pouco confusos, depois do passo em falso que foi The Banquet. Uma vez que o senhor Feng Xiaogang é um veterano e um dos mais conceituados cineastas chineses. Para quem desconhece a obra aconselhmos vivamente o fabuloso A World Without Thieves.

segunda-feira, junho 09, 2008

O Lobo e a Cria

Lone Wolf And Cub é uma longa e violenta saga de 6 capitulos (6 filmes), que conta a história de um homem que abandonou tudo em busca de vingança do clã Yagyu, responsável pela sua queda e pela morte da sua mulher, contada em filmes autónomos que nos vão gradualmente dando a conhecer algo mais do passado e personalidade de Ito Ogami, que com o seu filho Daigoro, escolheu a estrada do inferno, tornando-se um lobo solitário. Lone Wolf and Cub (o lobo solitário e a sua cria) é precisamente o título que foi dado á obra no ocidente, e que enfatiza a presença do pequeno Daigoro, um bébé com a força de vontade e a disciplina de um samurai adulto, que constitui o contraponto humano a uma história extremamente violenta, onde o sangue corre a jorros e os combates são tão rápidos como brutais.

O conjunto de 6 longas metragens é considerado por muitos a mais fiel adaptação cinematográfica de uma BD. Realizada entre 1972 e 1975, esta série de filmes, que contou com argumento do próprio Kazuo Koike, acompanhou a publicação do manga que adapta directamente, e fê-lo de uma forma tão exacta que dá ideia que o próprio manga deve ter funcionado como story-board.

Filmados numa época em que o sucesso do Western Spaguetti estava ainda bem fresco (Aconteceu no Oeste de Leone, é de 1969), estes filmes revelam claramente essa filiação estética, nos grandes planos do olhar dos personagens, no tratamento operático das cenas que antecedem os rápidos combates, e até na utilização da música. Kenji Misumi, o realizador dos 3 primeiros filmes era um admirador confesso de Kurosawa e de Leone, e essas influências notam-se nestes filmes que misturam uma violência extrema, com momentos de grande calmaria e beleza formal, quase poética.

Os filmes chegaram ao Ocidente em 1982, graças aos produtores David Weisman e Robert Houston, numa versão truncada, chamada Shogun Assassin (é o filme que mãe e filha em Kill Bill assistem na cama) que mais não era que uma montagem sem grande coerência dos dois primeiros filmes da série, dobrada em inglês e narrada em voz off pelo pequeno Daigoro, inspirando John Carpenter a idealizar alguns dos personagens de As Aventuras de Jack Burton. Os filmes são mágnificos e recomendam-se, ou não teriam sido fonte inspiradora de Kill Bill.

segunda-feira, junho 02, 2008

Los Crimenes de Oxford

Los Crimenes de Oxford é a adaptação cinematográfica da obra de Guillermo Martinez, rodado pelo realizador de culto espanhol Alex De La Iglesia. Esta é também a primeira incursão do realizador com um elenco internacional com nomes como os de John Hurt e Elijah Wood, que tem sido inteligente e não tem escolhido filmes propriamente fáceis após a sua participação no Senhor dos Aneis.

O filme de Iglesia é aprumado, com forte sentido de estética, como lhe é habitual, conta com um argumento extremamente ardiloso, com um "E se..." a cada esquina o que funciona como transferência dos principios aplicados á matemática para uma história acessível a gregos e troinas. É sobretudo um filme espertalhão, e inteligente q.b. quando não tenta surpreender o espectador com os voltes de face por vezes demasiado elaborados (dizemos nós).

É uma excelente fita de mistério, como já não se via há muito, é todo aquilo que Os Crimes dos Rios Púrpura não conseguiu ser, e é de um realizador fantástico que conta com filmes como o mágnifico El Día de la bestia. Vale a pena e vão ficar com o cérebro em água!
O trailer: aqui