sexta-feira, novembro 25, 2005

VAMOS PENSAR

Sobre este assunto, comentou "Mano Pedro" no blog Verbo Jurídico, a propósito do post anterior o seguinte: «A propósito de contenção na despesa pública e do despacho do Sr. Minstro da Justiça que nomeou uma assessora para manter o site do MJ, cumpre dizer que, se estivéssemos num país a sério, o sr. Ministro, no mínimo, arriscava-se a ser chamado à pedra por forte suspeita de delapidação de dinheiros públicos.

Vejamos:
O Ministério da Justiça tem uma coisa chamada ITIJ (Instituto das Tecnologias de Informação na Justiça). Ocupa um edifício de 7 ou 8 pisos. Trabalham lá mais de cento e tal almas , a grande maioria delas, supostamente, especialistas na área da informática.
Tem um organigrama cuja dimensão pede meças aos gigantes da informática, tipo IBM, Microsoft, Oracle e outras. Aquilo tudo fica ao Estado, que é como quem diz, ao nosso bolso, em muitas dezenas ou centenas de milhares de contos por mês.
Então (e aqui até estou a dar um grito capaz de acordar a vizinhança) naquela mastodôntica estrutura de tecnologia informática não haverá um raio de uma alminha, uma só que seja, que saiba o suficiente de web sites para dar uma mãozinha na manutenção de um site tão indigente como o do MJ, sem se gastar nem mais um tostão?
Foi preciso contratar uma assessora a quem pagam mais de 600 contos por mês só para "manter" o site? Para que raio serve o ITIJ se não for para coisas básicas e comezinhas como manter um site do próprio Ministério de que depende?

Isto é gravíssimo e a solução só pode ser uma de duas: ou o Ministro emenda a mão, demite a assessora e incumbe o ITIJ de manter o site, visto que é quem tem o dever legal de o fazer, ou então extingue o ITIJ imediatamente posto que parece não servir para coisíssima nenhuma, nem mesmo para executar uma tarefa tão básica como seja manter um simples site como o do MJ - coisa que qualquer estudanteco de informática estaria disposto a fazer à borla só para manter o treino e fazer currículo...As duas coisas - a assessora (salvo seja, que nada tenho contra a senhora) e o ITIJ - é que não podem continuar!
É uma V E R G O N H A!»

Cumpre-me apenas acrescentar, para que se façam as devidas comparações, que o salário ilíquido de um Juiz do Tribunal de 1.ª Instância (em início de carreira) é no valor de Eur. 2.355,87, portanto inferior ao salário da dita assessora, que não tem, designadamente, nem a responsabilidade funcional, nem o risco, nem as restrições pessoais e estatutárias, de exclusividade, obrigação de residência e restrição de ausência da área de circunscrição, a que todos os Juízes estão sujeitos. É esta a valoração que se faz em Portugal...
Contribuição da Sra. Dra. Vera

segunda-feira, novembro 21, 2005

V

V de Vingança foi publicado originalmente entre 1982 e 1983 a preto e branco pela editora britânica Warrior, mas não chegou a ser finalizado. Em 1988, incentivados pela DC Comics, Moore e Lloyd retomaram a série e concluíram-na com uma edição colorida. A série completa foi republicada nos EUA pelo selo Vertigo da DC e no Reino Unido pela Titan Books.
O enredo situa-se no futuro, numa realidade em que um partido fascista ascendeu ao poder após uma guerra nuclear. A semelhança com o regime Nazi é inevitável devido ao facto do governo ter o controle sobre os média, á existência de uma polícia secreta e campos de concentração para minorias raciais e sexuais. Existe também um sistema de monitorização feito por câmaras nos moldes do filme "1984", de George Orwell. (Na época, quando a obra foi escrita, o CCTV ainda não existia tal como o é nos dias de hoje em Inglaterra).
A história começa após o fim do conflito político, com os campos de concentração desactivados e a população complacente com a situação, até que surge "V" — um terrorista que se auto-proclama anarquista, veste uma máscara de Guy Fawkes e é possuidor de uma vasta gama de habilidades e recursos. Ele inicia então uma elaborada e teatral campanha para derrubar o governo fascista.
A adaptação cinematográfica chega ás salas brevemente...por isso veremos se chega aos calcanhares da bd

sexta-feira, novembro 11, 2005

O NOVO SPIELBERG (brevemente)

O cineasta completou finalmente um projecto que acarinhava há muito tempo. "Munich" é um relato de vingança, após o massacre dos atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de 1972.
Numa reacção à tragédia que atingiu a equipa de Israel que participava nas Olimpíadas de Munique, seguiu-se a vingança contra os terroristas responsáveis pelos assassinatos. "Munich" é um thriller dramático que acompanha a equipa secreta israelita incumbida de encontrar e matar os 11 terroristas. Eric Bana ("Tróia") interpreta um agente da Mossad, que lidera a equipa de especialistas, ao lado de Daniel Craig (o novo James Bond) e de Geoffrey Rush ("Piratas das Caraíbas").
Spielberg realizou esta história, através da visão pessoal dos seus intervenientes. O trailer já está disponível no site oficial (link em baixo). Munich estreia a 23 de Dezembro nos EUA. Por cá, só mesmo no próximo ano.
MUNICH movie trailer:

quinta-feira, novembro 10, 2005

O NOVO CRONENBERG (palhacinho approved)

A History of Violence é a adaptação de uma comic book de sucesso de John Wagner e Vince Locke. O filme conta com uma duração de hora e meia - bem ao estilo do realizador - e leva-nos até a uma pequena vila no coração do estado do Indiana. É lá que encontramos Tom Stahl. O homem que parece o marido e o pai perfeitos, dono de um pequeno café local vai ser um dia colocado á prova, quando dois assaltantes decidem entrar no seu café, roubar e matar todas as testemunhas. Stahl vai reagir com uma frieza que ninguém conhecia, e com uma imensa habilidade, e o pacifista acabará por matar os assassinos, tornando-se no heroi da vila, que vê nele o exemplo de coragem e de moral a seguir. Daí até se tornar famoso é um saltinho, mas com a fama chega também o passado que Stahl sempre quis esconder, mesmo dos que mais amava. Um passado sombrio que poucos imaginavam ser possivel num homem daquele calibre. Um passado que pode destruir em segundos, o que ele levou uma vida a construir.
Para esta história Cronenberg apostou na direcção de actores. O realizador que já trabalhou com nomes como Christopher Walken, Jeremy Irons ou Ralph Fiennes, decidiu eleger como personagem principal Viggo Mortensen, que vai, aos poucos, tentando-se livrar da eterna imagem de Aragorn, o rei dos Homens na trilogia fantástica Lord of the Rings. E a escolha parece ter sido perfeita. Mortensen, um actor com provas dadas já antes do fenómeno tolkiano, gere as emoções na perfeição e a sua mestria é tal, que domina todas as cenas onde entra, do primeiro ao último instante. A critica não lhe poupou elogios e este pode ser mesmo o papel que o actor procurava para se afirmar definitivamente como um nome a respeitar.Feliz foi também a escolha para viver Edie, a mulher de Tom e talvez a personagem mais fascinante do filme pela forma como é confrontada com a realidade de estar casada com um homem que desconhece por completo. A dificil tarefa foi entregue a Maria Bello, actriz do sucesso popular Coyote Bar, mas, mais importante que isso, de The Cooler, o filme que consagrou William H. Macy como actor principal. Se a critica e o público gostaram de Mortensen, que dizer de Bello. A actriz transforma-se por completo de uma parte para a outra do filme, expõe-se sem qualquer pudor, sofre as cenas mais violentas do filme e enfrenta-os com uma coragem estarrecedora e ajuda a contrabalançar o poder masculino que vai pautando o filme, e que surge nos papeis secundários de Ed Harris e William Hurt, dois nomes grandes que têm uma importante palavra a dizer ao longo da narrativa.
Depois de ter brilhado no último Festival de Cannes, A History of Violence tem tudo para se tornar num dos filmes do ano. Um argumento espantoso e já sobejamente conhecido dos amantes de banda-desenhada. A mão genial de Cronenberg na camara e um elenco que se apresenta ao seu melhor nivel. É sempre dificil imaginar como as grandes instituições da indústria de Hollywood, ou mesmo muitos dos criticos, irão olhar para este filme. Se tudo indica que tanto Mortensen como Bello estão na lista dos melhores do ano, poderá sempre haver a habitual tentação de fazer passar a imagem de que falta algo para coroar definitivamente o autor canadiano. Mas, mesmo assim, A History of Violence - que estreia por cá a 17 de Novembro - dificilmente escapará as listas dos melhores do ano de muitos amantes de cinema, um pouco por todo o mundo.