Sweeney Todd foi apropriado pela literatura inglesa em meados do século XIX. Foram vários os relatos acerca do Barbeiro psicopáta, datando o primeiro de 1846. A obra de Tim Burton, que agora estreia entre nós, é a adaptação do famoso musical homónimo, e novamente o realizador tem como aliado o seu eterno alter ego - Johnny Depp. Ao longo da carreira de ambos foram várias as colaborações, passando por Eduardo Mãos de Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, Charlie e a Fábrica do Chocolate, em todas as obras é visivel a marca de Burton, mas também o carisma incontornável de Depp. Podemos mesmo dizer que realizador e actor nasceram para o cinema um do outro, mas é também aqui que reside um dos problemas de Sweeney Todd, é que não há nada que não se esperasse destes dois. A interpretação de Depp é irrepriensivel e prefeita, o senhor prova que sabe cantar, mas também prova que a personagem que representa não é em nada diferente das do passado. Já é lenda que Burton sabe retirar de Depp o seu melhor, ambos partilham do mesmo universo bizarro, mas aqui o problema é que não há nada de extraordinariamente diferente do resto. O que não é necessáriamente mau caros leitores! É só um desabafo! Por outro lado, Sweeney Todd surpreende pela sua violência operática e pela hemoglobina a litro, e é aqui que há o arrojo. O universo de Burton tem a sua génese na admiração do cinema de horror dos Hammer Studios, patente na cenografia de estúdio do filme, na adoração de cineastas plásticos como Mario Bava, Dario Argento, entre outros. E é em Sweeney Todd que acreditamos residir uma pequena mas sentida homenagem velada, ou se quiserem "piscar de olho" a Dario Argento, pois existem imagens de marca do autor italiano que estão presentes ao longo de todo o filme de Burton: as navalhas relusentes de Todd em contraste com a negritude do ambiente e a dimensão operática do sangue e da violência, ao nível de obras de Argento como Profondo Rosso e Tenebrae.
Quanto ao filme de Burton, a nomeação ao oscar de melhor actor para Johnny Depp é justa, mas se o actor ganhar o prémio não será por ser o seu melhor momento, mas pelo reconhecimento do seu trabalho até aqui.
Aconselha-se, mas não deixará as recordações de Eduardo Mãos de Tesoura e Sleepy Hollow.
Quanto ao filme de Burton, a nomeação ao oscar de melhor actor para Johnny Depp é justa, mas se o actor ganhar o prémio não será por ser o seu melhor momento, mas pelo reconhecimento do seu trabalho até aqui.
Aconselha-se, mas não deixará as recordações de Eduardo Mãos de Tesoura e Sleepy Hollow.
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