São 50 minutos de música conceptualizada, criada, gravada e lapidada em Campo de Ourique, Notting Hill, Maianga, Hackney Wick, Terra Nova–Rangel, Denmark Street, Vendas Novas, restaurantes, aeroportos, auto-estradas, hotéis e camarins, entre Junho de 2007 a Agosto de 2008, com acesso ao que de melhor a tecnologia digital produz mas sem nunca deixar de recorrer ao improviso técnico. Pensar num álbum que olhasse e tratasse todas as cidades sobre o mesmo prisma foi a motivação primária dos Buraka Som Sistema. Encontrar histórias e ritmos similares, filtrando-as esteticamente para que fossem consumidas em e com o público. Aqui ou em qualquer outra cidade.
A primeira amostra do disco chegou via Web - o site musical Pitchfork Media estreou o vídeo do single "Sound of Kuduro", que conta com as participações vocais de vários mc's: a britânica M.I.A, habituada a navegar por sonoridades marginais; os angolanos Puto Prata, Saborosa e Dj Znobia, um dos arquitectos do novo Kuduro. O vídeo, filmado em Luanda, serviu como introdução ao universo Kuduro. As reacções não se fizeram esperar e as críticas favoráveis colhidas na blogosfera transformaram-no num acontecimento virtual.
Geograficamente, nos 12 temas apresentados em "Black Diamond", os Buraka Som Sistema conduzem-nos até Londres, onde os Virus Syndicate nos convidam para dentro das graves e ásperas sonoridades do dubstep. Fazendo-nos sentir como se estivéssemos na Luanda de Bruno M, com seu flow inconfundível e que em 4 minutos faz a ponte com a Cidade de Deus, onde Deize Tigrona, uma das vozes maiores do Baile Funk, nos coloca no coração da favela e reaproxima o Rio de Janeiro a Lisboa, no verbo e nos gestos. A todos os que já percorreram a IC19 e que perante a imensidão de prédios se questionaram sobre como vivem, sonham e se divertem os que ali habitam, Pongolove, a jovem MC angolana (que emigrou para Amadora com a família), responde com “Kalemba (wegue wegue)".
É disto que é feito este diamante negro: de lugares e das pessoas que neles circulam; de linhas de baixo capazes de fazer estremecer edifícios; de construções rítmicas energéticas, dignas de destaque em qualquer dance-floor (xunga ou trendy) e da capacidade de produzir e organizar todos estes elementos de forma a que façam um sentido imediatamente sentido. Deixemos então, que se consuma AGORA!
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