quinta-feira, maio 27, 2010

Jamie Lidell - Compass (2010)

Conhcemos Jamie Lidell há já bastante tempo, desde os primordios em que fazia techno e electrónica pura e dura com projectos como Supercollider, mas eis que do nada, sem esperar grande novidade, Jamie lança o primeiro album a solo, estavamos então em 2006. E que estrondo! Esperavamos mais do mesmo pum-se-pum, mas puxaram-nos o tapete e caimos ao chão desamparados quando nos apercebemos que estavamos perante um dos mais originais e inventivos albuns de soul e funk.
Damos um salto de cinco anos, com um segundo album menos interessante pelo meio e eis que nos chega o terceiro album de Lidell; e se á terceira vez costuma ser de vez, JL acertou em cheio. Se tivessemos que escolher dois discos para levar para uma ilha deserta, seriam "Bodily Functions" de Matthew Herbert e este "Compass" de Jamie Lidell.

A nova soul não é Byonce, Rihanna's, Usher e outros tantos iguais. A nova soul é Compass, o novo funk é Compass, é um dos discos mais surpreendentes dos últimos 10 anos, não só ao nível da voz inconfundivel de JL, que tem a voz branca mais preta do mundo, mas também ao nível de produção. E na produção caiu-nos tudo...Esqueçam tudo o que ouviram até hoje, deitem as regras pela janela fora, porque a cada audição vão descobrir coisas novas. É um disco de um músico em estado de graça e em estado de arte, só é pena que ainda não esteja em nenhum cartaz de verão ou com concertos agendados para Portugal.
Deixamos um video de ensaio de uma actuação ao vivo e garantimo-vos que irão ficar de boca aberta.

quarta-feira, maio 26, 2010

Lili's Soulphiction (2010)

Esta foi talvez a faixa mais complicada alguma vez feita pelo nosso artista electrónico de serviço. É uma harmoniosa caldeirada dos mais diversos estilos, que vão desde a soul, rn'b, house, tech-house, minimal, etc. Tudo! Sintetiza tudo o que poderão ouvir no album. Para ouvirem, já sabem, basta clicar na foto.
A próxima aventura, segundo nos consta, será a última música a ser postada aqui antes do post do disco, anda já com o título provisório de "Skin" e em três palavras define-se: breakbeat, jazz, soul, rn'b e...rock progressivo. Exacto!

segunda-feira, maio 24, 2010

Coming Soon

Com a missão incunbida de regressar ás origens, inspirado pelo funk, soul, house, breakbeat, rn'b, hip hop, hip house e afins, está para breve a nova incursão musical do nosso artista electrónico de serviço. Até lá fiquem com o myspace.

segunda-feira, maio 17, 2010

Detective Dee and the Mystery of the Phantom Flame (2010)

Detective Dee and the Mystery of the Phantom Flame é "O" filme mais badalada no continente asiático este ano. Ainda em fase de pós produção, este é sem dúvida o regresso em grande para Tsui Hark, e o filme asiático a ter em conta este ano.

quinta-feira, maio 13, 2010

Higher Learning (1995)

John Singleton foi o nome a reter no inicio dos anos 90, com um pequeno grande filme chamado Boyz in the Hood, o qual foi nomeado para o Oscar de melhor realizador em 1991. O realizador renovou e ressuscitou o cinema negro, que até á data se circunscrevia a dois géneros: o blackxploitation nos anos 70 e as comédias no final dos anos 80 com Eddie Murphy's e outros tantos. Com Boyz in the Hood, Singleton apresenta uma abordagem aos problemas sociais dos afro-americanos da classe média-baixa, fazendo um retrato bastante realista do que era viver nos subúrbios de L.A., contanto a história de um pai que tenta dar a melhor educação ao filho no meio de um bairro problemático controlado por gangs.
Cerca de quatro anos depois, com um par de filmes desinspirados pelo meio, Singleton volta á carga, desta feita com Higher Learning; a acção passa-se na Universidade de Columbus em Nova Iorque, e narra o dia-a-dia de três protagonistas, três caloiros: Malik Williams (um atleta negro, que quer fazer o que acha ser correcto para se afirmar como cidadão num país que considera racista), Kristen Connor (a típica girl next door provinda do interior americano) e Remy (com dificuldades em se relacionar com os outros e que acaba por se envolver com um grupo neo-nazi). Singleton adopta aqui uma postura biográfica, procurou retratar a sua época universitária (em UCLA), os conflictos raciais entre os alunos, a dificuldade de se relacionar com os outros, etc. E conduz um enredo com mestria, deixando tudo acontecer a seu tempo.
Não estamos perante um filme panfletário, como muitos afirmam, mas sim um retrato da juventude americana, como um todo, sem puxar para o lado dos negros ou dos brancos, dos heterossexuais ou dos homossexuais, das mulheres ou dos homens. Mostra a ignorância de ambos os lados dessa suposta “guerra racial e ideológica” e demonstrando que ambas as partes parecem não saber contra o que lutam.
Não estamos perante uma obra prima, nessa perspectiva Boyz in the Hood conseguiu ir muito mais longe, mas estamos sim perante um filme feito de forma extremamente competente, com algumas boas interpretações, uma história bem contada e com um naipe de actores que mais tarde (hoje!) são sobejamente conhecidos e que estariam em inicio de carreira em Higher Learning. Recomenda-se.

segunda-feira, maio 03, 2010

The Stuntman (1980)

Cameron é um fugitivo da polícia, que acidentalmente causa a morte de um duplo de cinema durante as rodagens de um filme. Eli Cross (magistralmente interpretado por Peter O'Toole) é o realizador do filme que ao se aperceber que Cameron anda fugido á justiça, diz ás autoridades que este faz parte da equipa de filmagens. Em troca exige que este trabalhe como o duplo que morreu em cenas cada vez mais arriscadas, fazendo-o pensar na possibilidade de poder morrer durante as filmagens a fazer algo completamente impossível.
Existem múltiplas leituras e formas de se apreciar este filme. Como um filme sobre os bastidores do cinema, inclui-se na categoria do filme dentro do filme. Como um filme de arte é uma obra que, justamente, mereceu três nomeações aos Óscares, inclusive de Peter O'Toole como melhor actor (perdeu para Robert de Niro, em "O Touro Enraivecido") e a Richard Rush como melhor realizador.Mas é como filme fábula, de autor, artisticamente irrepreensível, quase surrealista em alguns momentos, com nítidos e claros elementos em comum com o clássico de Fellini - Oito e Meio (1963), que The Stuntman é referenciado pela critica como um dos filmes mais fascinantes e simplesmente perfeito da sua década.
The Stuntman prova que mesmo nos Estados Unidos, filmes que ousam utilizar uma linguagem menos convencional e se propõem a tocar o dedo em certas feridas e temas perigosos acabam por ser penalizados, como foi o seu caso, realizado em 1979, por um produtor independente - Melvim Simon, permaneceu meses nas prateleiras, sem obter um lançamento digno da sua importância. O seu realizador, Richard Rush, chegou a sofrer um enfarte de tanta preocupação com o filme e o próprio actor Peter O'Toole teve que utilizar a sua fama e prestígio para quebrar a barreira de silêncio que se impôs a respeito desta obra. Finalmente lançado nas salas, "The Stunt Man" obteve um grande acolhimento da crítica e concorreu aos Óscares de 1981, com 3 nomeações.
A obra de Richard Rush é sem dúvida um de poucos filmes a abordar a temática da "paranóia" de forma exemplar (atrevemo-nos mesmo a dizer "de forma perfeita"), a par com outros poucos tais como: Repulsa (Roman Polanski) e O Jogo (David Fincher).
The Stuntman tem uma atmosfera onírica extremamente bem conseguida, um sentido de ritmo assustadoramente apurado, um argumento brilhantemente bem escrito, um excelente naipe de actores, uma banda sonora "brutal" e aqui chamamos a vossa atenção para o fabuloso genérico inicial do filme, com o tema principal da banda sonora, que muito dificilmente poderão dizer que desconhecem.
Caros leitores, se o objectivo é ver cinema com "C" grande do final da década de 70, as escolhas são efectivamente poucas e The Stuntman está no topo da lista.