Depois de ver o novo filme de Ben Affleck ficamos com duas ideias distintas, por um lado fez muito bem ao actor/realizador a "caminhada no deserto" que teve de enfrentar após um par de maus filmes enquanto actor, ou como George Clooney gosta de chamar "movie jail", onde também permaneceu algum tempo após o atroz Batman & Robin. Consequentemente ficamos com a ideia, como já acontecera com outros, que de um actor mediano poderá nascer um realizador surpreendentemente competente e quem sabe "bom".
A carreira de realizador de Ben Affleck é ainda curta, mas fulminante, com filmes como Gone Baby Gone, The Town e agora com Argo. As influências são muitas, mas ao vermos filmes como The Town possuido pelo espírito de Michael Mann, ou mesmo o Eastwoodiano Gone Baby Gone, ficamos com a sensação de Affleck estar à procura de uma voz, de um estilo próprio que até agora continua por encontrar, no entanto uma coisa é certa o género de eleição até à data é o thriller/crime movie.
Argo é um objecto extremamente curioso, indo beber inspiração aos filmes da década de 70, onde o logo inicial da Warner Brothers típico da època começa logo a ditar as regras, onde o fantasma de filmes como os Homens do Presidente, Os Três Dias do Condor e Dia de Cão estão omnipresentes. A grande surpresa em Argo resulta de uma fusão sublime de géneros, extremamente e competentemente bem equilibrada, passando do thriller político para uma sátira feita à meca do cinema e por momentos de comédia hilariantes. Argo è também um filme sobre cinema, sobre os bastidores do cinema, a fazer lembrar por vezes Walking The Dog de Barry Levinson, sem nunca se comprometer com nenhum género em particular mas sim pulando e alternando entre cada um deles.
É um filme absolutamente recomendável de um realizador que cresce de filme para filme, a fazer lembrar o inicio da carreira de Clint Eastwood enquanto realizador.
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