quinta-feira, junho 30, 2005

MUDAVA-ME JÁ PARA A INDIA

Vinte anos depois da rodagem, Michael Douglas prepara uma sequela de a Jóia do Nilo (1985), por sua vez uma continuação de Em Busca da Esmeralda Perdida (1984). O filme intitular-se-á Racing the Monsoon, será ambientado e rodado na Índia e terá como protagonista feminina a mulher com quem eu me casava sem pensar 2 vezes - a diva do cinema de Bollywood Aishwarya Rai.


Aishwarya Rai é uma deusa, um monumento (isto vai me trazer problemas) de mulher...fico sem palavras para escrever o que quer que seja, por isso vou contar até 100 e como estou já a hiperventilar, vou respirar para dentro de um saco de papel.

Pensamento Final: não tenho só me apetece ganir, uivar

domingo, junho 26, 2005

ADORO O CHEIRO DO NAPALM PELA MANHÃ

Para falar sobre Takashi Miike é preciso antes lembrar dois factos de relevante importância e que têm muito de pitoresco: a) nunca teve sequer um filme exibido em Portugal; b) com pouco mais de 10 anos de carreira, Miike já chegou realizou mais de 60 filmes. A pergunta que a primeira informação suscita – porquê escrever sobre um cineasta que jamais teve exibição comercial por cá –, embora não seja respondida pela segunda – ter realizado mais de 60 filmes não torna, por si, a obra de ninguém digna de discussão –, pode-se no entanto encontrar aí uma pista. Pois, como é possível fazer uma média de cinco filmes por ano? Isso é, no mínimo, curioso.
E sim, Takashi Miike é, hoje, um dos mais curiosos/interessantes cineastas em actividade, o que justifica o facto de ser também um dos mais discutidos; um dos seus últimos trabalhos, Gozu, passou na Quinzena dos Realizadores em Cannes em 2003 e, mais uma vez, um filme de Miike causou forte impressão e discussão. Gozu foi feito em vídeo digital, uma constante na obra do realizador, e depois teve o seu lançamento em cinema: foi assim também com Fudoh, em 1996, a estreia de Miike atrás das camaras.

Mas o traço principal da obra de Miike, o motivo central por que se fala tanto dele não é, absolutamente, o meio que utiliza – não é nenhuma preferência pelo DV (digital video), apenas mais uma maneira de trabalhar – e sim a forma: fazendo, na sua grande maioria, filmes de yakuza, o realizador é conhecido pela extravagância da sua obra, repleta de violência, barulhenta, sanguinolenta, estranha e esquizofrênica (é um gajo doente pa caralho digo-vos eu !!!).
A sinopse do seu último trabalho - Izô: Kaosu mataha fujôri no kijin, pode exemplificar isso: "Em 1865, Izo, um assassino a serviço do Imperador, é capturado e crucificado pelos homens do Shogun que o perseguiam. A sua raiva é de tal forma grande que, em vez de morto, viaja no tempo até Tóquio dos dias do hoje, onde se vingará dos descendentes daqueles que tentaram matá-lo". Até aqui, mesmo que a viagem no tempo seja um pouco, duuhhh, despropositada, não temos nada que seja tão terrível como o que foi referido algumas linhas atrás (a parte da violência e das litradas de sangue e tal). Continuemos, portanto: "o deslocamento temporal sofrido por Izo provoca a ira dos ‘senhores do universo’, que resolvem declarar-lhe guerra".
A batalha tem sido descrita como "a mais violenta e sangrenta sequência de espadeirada jamais filmada." Quando se diz "sangrenta", o melhor a fazer é acreditar mesmo. Miike é o mesmo homem que filmou sequências tão sugestivas como uma mulher a dar á luz um adulto, mamilos a serem arrancados com lâminas, agulhas enfiadas nos olhos de um homem paralisado; descrever tudo isto ainda é pouco. É preciso ver os seus filmes para compreender o todo (que é diferente da soma das partes por mais horriveis que sejam) com toda a sua violência e histeria. É preciso sentir e viver os filmes, pois o ponto nevrálgico da obra de Miike está aí: nos ambientes e ritmos que é capaz de criar, nas sensações-limite a que leva o espectador.

quinta-feira, junho 23, 2005

Shakespeare's Hamlet On Acid

Os japoneses são uns doidos do caraças, mas isso já sabemos. Para nós, que não estamos habituados a esta hiper-complexidade nipónica, estas coisas complicadas acabam por não ter muita lógica. Os japoneses têm desde putos a influência da manga, por isso estas histórias para eles é a cagar, com um olho fechado e as mãos amarradas. Casshern é um filme que não foge a esta linha, pois é uma adaptação de uma manga.
No entanto there is more than meets the eye, há algo de verdadeiramente original e de epopeia shakespeareana neste filme!
Quem viu o trailer ficou de queixo caído. O filme parece um não parar de pancadaria, batalhas épicas, acção desenfreada. E isso acabou por atrair o público errado. Realmente tem esses ingredientes, mas em dose reduzida. O filme acaba por surpreender pela mensagem pacifista, ambiente existencialista, quase que um neo-Bergman nipónico.
Não me canso desta merda mesmo, devia mesmo ser subsidiado pelo estudio que produziu o filme por estar a vender o peixe ehehehehehehe...
O julgamento esse fica á vossa consideração, apesar de duvidar que esta pérola algum dia estreie por cá....

segunda-feira, junho 20, 2005

DEMO'S HOT ALBUMS DO MÊS

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O Palhacinho ouviu e aconselha aos mais audazes o top 5 dos albums do mês:

1º Jamie Lidell - "Multiply" (Warp)
2º Roisin Murphy - "Ruby Blue" (Echo)

3º Seir - "Club Death" (Handcraft Made Records)
4º Isolée - "We Are Monster" (Playhouse)
5º Mathew Herbert - "Plat du Jour" (Accidental)


E bom proveito.....

quarta-feira, junho 15, 2005

CASSHERN DO DEMO

Assistir a "Casshern" é como ter assistido ao "Star Wars" na época do seu lançamento. Na realidade, "Casshern" é tudo o que George Lucas gostaria de ter realizando na visita à sua "sextologia" e não consegue. Perdoem-me, chamem-me herége, mas ainda estou a recuperar o fôlego...
Pois bem, "Casshern" não é uma trilogia, não acaba em aberto, mas é um épico como nunca se viu antes. Há muitas razões para o público em geral se satisfazer com "Casshern": é uma aventura futurísta grandiosa, visualmente deslumbrante, conta com cenas de acção inesquecíveis, trata-se de um marco tecnológico (e um dos maiores expoentes do cinema digital), é um libelo contra a guerra, a intolerância e a violência - e por isso atemporal.
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Mas "Casshern" não é um filme de acção, façam o favor de esquecer o trailer (magnífico, embora equivocado - o próprio realizador fez questão de assinalar isso em entrevistas). O filme medita acerca da violência, quando não acaba a virar o rosto para as cenas de batalha. O filme é a história de uma família partida pela guerra e pelo conflito de gerações. E para nos contá-la o argumento, vai misturar religião, política, filosofia, ética, ciência e espiritualidade no mesmo saco, sempre de maneira relevante e inteligente, nunca de forma gratuita e nunca se perdendo, para acabar criando a sua própria mitologia.
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Estamos num futuro em que o mundo se encontra dividido entre a República da Ásia e a União Européia, que guerreiam pela supremacia do continente. No seio da família Azuma surge um conflito entre o pai -o professor Azuma (Akira Terao) - um cientista que busca patrocínio para a pesquisa de "neo-células" (uma alusão à pesquisa de células-tronco), visando a recuperação de sua esposa (Kanako Higuchi) - e o filho, Tetsuya (Yusuke Iseyda), recém noivo de Luna (Kumiko Aso). Tetsuya repreende a obsessão profissional do pai achando que ele deveria estar ao lado da mãe; o Prof. Azuma repreende o filho por se ter alistado no exército para lutar na guerra. Como os dois não conseguem fazer a cabeça um do outro, acabam por se separar pelos seus próprios interesses. A guerra acaba, a pesquisa ainda não deu frutos e Tetsuya...não conto ehehehe
A primeira metade do filme mostra-nos o estado dos laços familiares e como esse núcleo é separado pela guerra e pela morte. "Casshern" vai abusar dos fãs da narrativa directa a incorporar um elemento que só pode ser comparado ao monolito em "2001: odisséia no espaço": um relâmpago solidificado que dá vida aos neo-humanos (poderia ser Deus? poderia ser a tecnologia?). Assim como no filme citado, o mistério é deixado como tal, permitindo ao espectador tecer a sua teoria. É aí que se encontra, talvez, o grande diferencial: ao trabalhar no campo das idéias, "Casshern" decepciona o espectador passivo, que não quer pensar, que PRECISA de uma história mastigada, que não admite a liberdade interpretativa que lhe é dada pelos criadores.
É um colosso de filme, de um realizador estreante.
TRAILER (Lembrem-se o trailer vende o filme não o define):

quarta-feira, junho 01, 2005

Psicotizar ou Não Psicotizar Eis a Questão


Por baixo da minha cama nasce um enfurecido mas triste rio, movendo- se de forma lenta e ruidosa. Sinto o seu pulsar que invade o meu sangue e me transmite o calor da minha infância. Vivo e sinto com ele.

Algures entre os meses que separam o Outono do Inverno, as margens do rio florescem, com lindas papoilas que me encantam e divertem durante os longos períodos de espera para que a água do rio se torne lúcida e padeça ao desejo de contemplar o meu reflexo. É este mesmo rio embriagado, que por vezes me deixa mergulhar na negritude das suas águas, me leva ao fundo para logo muito lentamente me trazer à superfície, como se de um anjo me tratasse.
Sou livre dentro do meu próprio espaço fechado, porque ele me pertence e posso fazer dele o que quero; vivo assim á deriva, sou um satélite da minha realidade por entre corredores de um só sentido, onde és impelido a deslocar-te ruidosamente sem qualquer rota definida.
Sou um anjo errante, vivo à superfície dos meus desejos, encarno-me nos mais pequenos dos animais. Sou o rei dos insectos.

Agora que conhecem o meu quarto, pergunto-vos "Quem sou eu ?". Um anjo? Talvez, mas prefiro que me vejam apenas como um rei insecto que o queria ser !

Anónima Borderline