Jikureul Jekyeora!, como outros filmes difíceis de categorizar num género dominante, pagou nas bilheteiras a factura de recorrer a uma linguagem não linear, que exige uma abertura de espírito por parte do espectador ao desrespeito pelas “normas” de género. É uma obra melhor apreciada por quem tem apetites cinéfilos pela descoberta de caminhos que levam a destinos desconhecidos.
Dois elementos destacam-se no reforço da atipicidade de Save the Green Planet!: o modo como transita de registo, passível de provocar confusão nas reacções emocionais por parte de um espectador que procure usar um de vários filtros para receber o filme (horror, comédia, drama, horror, ficção científica? — mas, de que se trata afinal?) e as condições mentais e o comportamento da personagem central, facilmente apontado como um psicótico perigoso: recolhe obsessivamente informação sobre vida extra-terrestre, armazena dados pessoais daqueles que suspeita fazerem parte de uma rede avançada para obter informações sobre o planeta e os seus habitantes, preparando a invasão; rapta, tortura e conforma-se com a morte eventual dos eventuais alienígenas. 
Se me perguntarem se este é um filme destinado a agradar aos fãs de ficção científica, a resposta não poderá ser directa. Digamos que é preferível não procurar ver o filme para saciar uma vontade de ver ficção científica. O elemento está lá, a nível conceptual, mas o modo como a narrativa é construída ignora o "género". Trata-se, em certa medida, de um thriller de mistério sobre a mente perturbada de um homem, onde a verdade flutua consoante o ponto de vista. A conclusão pode não explicar tudo o que motiva e o que se passa dentro da mente de Byeong-gu, mas certamente permite entender aquilo que o tornou um dedicado defensor da Terra contra uma suposta invasão de extra-terrestres. 
Com uma notável riqueza dramática e grande complexidade da sua personagem central, um clímax de grande impacto emocional que, apesar de desenvolvimentos menos previsíveis, não se deixa levar pela necessidade de surpreender o espectador a qualquer custo, mesmo sacrificando a coerência interna, Save the Green Planet!, já marcou a sua posição como um dos títulos máximos do cinema moderno sul-coreano. Não se trata de boa comédia, boa ficção científica ou bom horror, mas tão só bom cinema.
cinedie asia © copyright Luis Canau
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