O filme começa um pouco como “Saving Private Ryan”. Estamos nos dias actuais e um homem idoso é informado que o seu cadáver foi encontrado por um grupo de escavadores. Naturalmente não era ele, pois este não é um filme de terror. O mais certo era que a ossada encontrada fosse do seu irmão mais velho, um homem que para sempre está registado na sua memória. Viajamos assim ao passado e à adolescência deste sobrevivente. Aí vemos como era a sua vida com o irmão, a mãe e restante família. Nesta altura, Jin-Seok (Won Bin) contava apenas 18 anos.
Estala a guerra contra os comunistas do Norte e Jin-Seok (Won Bin) é obrigado a alistar-se no exército. O seu irmão mais velho, Jin-Tae (Jang Dong-gun), parte em seu socorro mas acaba também alistado - e num curto espaço de tempo no meio do conflito. Para piorar a situação, o jovem tem problemas cardíacos e só não sucumbe em diversas batalhas pois o irmão o vai protegendo e alimentando a ideia que um dia iriam voltar para casa. Jin-Tae decide então confrontar os seus superiores militares e fazer um acordo com eles. Se o irmão fosse poupado de missões mais arriscadas, ele executaria as missões que estes entendessem. No fundo o seu maior objectivo é ganhar uma medalha que o levasse a ter mais poder, permitindo assim que o seu irmão fosse dispensado. Jin-Seok (Won Bin) nunca sabe deste acordo e diversas vezes zanga-se com o irmão por este querer entrar em todas as missões suícidas.
Dá-se então o golpe de génio de Kang Je-Gyu, o realizador, que decide mostrar de forma mais profunda as mudanças que cada uma das personagens sofre, à medida que a guerra avança. Se Jin-Seok se torna cada vez mais forte, Jin-Tae parece procurar a fama, através das tais missões.
A expressão “Tae Guk Gi” está directamente ligada ao nome da bandeira sul coreana. Isto não significa que Kang Je-Gyu tome qualquer posição neste conflito. Manifestamente, ele não está interessado nos pontos de vista de cada lado e apenas preocupado em contar a realidade da guerra - e como um conflito altera as pessoas.
“Tae Guk Gi” é um filme imperdível e que merece estar nas “bocas do mundo” - muito mais que o próprio “Saving Private Ryan”, um filme que só me parece interessante nos primeiros e últimos trinta minutos… Que interessa a guerra quando o que mais amamos está em perigo? Vale mais um pedaço de terra que as suas gentes?
Jorge C. Pereira
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