quarta-feira, fevereiro 04, 2009

The Killer (1989)

É verdade que temos andado um pouco ausentes! Mea "Nossa" Culpa! Mas também vocês pensam que a nossa vidinha é só publicar post's no palhacinho? Ala que se faz tarde, que não há ateus nas trincheiras e chuva civil não molha militares! [O quê?]...Bem Adiante caros leitores! Com isto queremos vos dizer que voltámos ás lides habituais do cinema de culto e afins.

Hoje temos o enorme prazer de vos trazer "O" filme de John Woo. E porquê "O" filme de John Woo? Porque simplesmente é! Num registo para muitos inspirado em Magnificient Obsession, de Douglas Sirk, e Le Samurai, de Jean Pierre Melville, a importância de The Killer no panorama cinematográfico mundial e na subsequente “ascensão” de John Woo rumo aos EUA é inquestionável. O conceito do assassino de bom coração e com uma ética um tanto ou quanto inesperada, foi seguida com sucesso por filmes posteriores, dos quais são exemplo Léon de Luc Besson.
The Killer é sem dúvida a obra prima de John Woo, pelo menos aquela que o deu a conhecer ao mundo ocidental, e não foge praticamente a nenhuma das premissas que caracterizam o subgénero que o próprio Woo criou - heroic bloodshed. O filme explora as marcas do autor, com a amizade, a honra, o dever e a redenção, tendo por suporte a violência extrema aliada a cenas emblemáticas pejadas de estilo. É um filme feito com corpo e alma, de dimensão superior, fazendo com que este mereça constar no panteão das grandes obras de sempre da história do cinema asiático.

A obra de Woo é atravessada por um fio condutor, sendo radicada em valores fundamentais como a família, a religião, a amizade e a solidariedade.
Os heróis de Woo são cavaleiros andantes, no sentido figurativo do termo, homens anacrónicos, nobres e valorosos, em busca de um ideal pelo qual lutam até à morte. Os anti-heróis de Woo são crepusculares, samurais modernos, amaldiçoados pois carregam uma cruz até à redenção final (pode ser na igreja, com pombos a esvoaçar e velas a consumir).
The Killer não foi dos filmes mais populares do cineasta em Hong Kong — o seu sucesso no ocidente até criou ressentimentos na indústria local. Mas é o apogeu do seu cinema híbrido: encontro celestial entre Scorsese, Jean-Pierre Melville e a lealdade e honra das lendas marciais e heróicas chinesas, decantados por uma sensualidade lânguida e pelo romantismo terminal do cristão e moralista que é John Woo. Velas, cruzes e pombas saturam o amor entre um polícia e um assassino contratado, que se tacteiam com as armas — entre eles, uma mulher cega. É um espectáculo fúnebre em que a vertigem erótica é diferida através de bailados de balas e corpos no ar. O final, é uma histérica citação de "Duelo ao Sol", de King Vidor. Mágnifico e imperdível!

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