segunda-feira, janeiro 25, 2010

The Lovely Bones (2009)

Directamente da fornada de filmes a fazer-se ao piso ao Oscar chega-nos o filme de Peter Jackson - The Lovely Bones. Depois de um espalhanço ao comprido que foi King Kong, ainda embalado pelo épico Senhor dos Aneis, Peter Jackson regressa a um formato mais dramático que muito nos agrada e que nos faz recordar o primeiro filme que vimos do senhor - o impressionante Heavenly Creatures, que contava na altura com uma desconhecidíssima Kate Winslet no papel principlal.
The Lovely Bones é antes de mais uma história dramática simples, contada de forma inteligente, e transformada num thriller/drama/sobrenatural/fantástico. Confusos? Na realidade não é caso para tanto, pois o filme de Jackson é uma obra coesa, sem ser brilhante, com especial referência ás sequências oníricas da protagonista, onde pauta o brilhantismo absoluto da Weta Digital, com um naipe de actores bastante interessante (Mark Wahlberg, Stanley Tucci, Rachel Weisz, Susan Sarandon) e uma excelente aposta na jovem Saoirse Ronan no papel principal.
Pois bem, Mr. Jackson sai absolvido, depois do crime cometido contra King Kong e traz-nos um novo filme que longe de ser perfeito é um esforço conseguido na arte do "less is more", depois dos anos de consumo de épicos na veia. Com esta enxurrada de metáforas deixemos claro que este Lovely Bones é um filme bom, mas vindo de quem vem podia ser um bocadito melhor, sendo que dentro do género o seu Heavenly Creatures continua a ser algo de muito mais refinado. Outros tempos, outras liberdades, que o comércio hoje não permite!

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Vengeance (2009)

Mais do que qualquer outro dos seus filmes recentes Vengeance representa tudo o que é o cinema de Johnnie To. E o que é ele? É simplesmente o cineasta mais importante do cinema contemporâneo de Hong Kong. O filme não tem a leveza do fantástico Sparrow, nem o olhar apurado de Election 1 e 2, mas tem a energia cinética de Exiled e o experimentalismo de Mad Detective. Em Vengeance há um pouco de todas as imagens de marca do realizador, assumindo-se como um best of catártico dos seus temas predilectos, uma mais que evidente homenagem a Jean Pierre Melville com muitas evocações de Le Cercle Rouge.
A dedicação autoral de To presenteia-nos com uma história que só poderia sair da sua mente - um homem com uma bala na cabeça aos poucos perde a memória, com a missão de se vingar daqueles que mataram a sua família, mas como poderá ele concluir o seu porjecto existencial se a qualquer momento poderá não se recordar da missão que tem pela frente? Podemos dizer que tudo em Vengeance é icónico, a começar pelo uso do cantor francês Johnny Holyday no papel principal, o heroic bloodshed, o peso da palavra empenhada, a engenhosidade das cenas de acção, onde temos "A" cena do ano que é um tiroteiro ao luar (imperdível). Vengeance é sobretudo um filme sobre filmes, uma prodigiosa auto-citação, um elegante plágio do cinema do próprio Johnny To. E quando é que sabemos que um realizador de cinema é soberbo? Quando este tem o descaramento de se auto plagiar e safar-se prodigiosamente com isso. Para nós o filme de To encontra-se na lista do que melhor se fez em 2009. Palmas para o mágico!