quarta-feira, agosto 25, 2010

The Nanny (1965)

Esta semana continuamos á descoberta dos filmes da Hammer Studios, contidos na Ultimate Collectors Box Edition e diga-se de passagem que dos dois já visionados, nenhum caiu em saco roto. Tivemos o assombroso The Devil Rides Out e a grandiosa surpresa chamada The Nanny.
The Nanny (1965) é uma adaptação do livro escrito por Marryam Modell e foi realizado por Seth Holt. Este foi o primeiro de dois filmes que a fabulosa Bette Davis viria a fazer com a lendário estúdio inglês Hammer, mais conhecido por clássicos de série B. O segundo filme de Bette Davis com o estúdio foi The Anniversary (1968).
Mesmo tendo sido lançado após o sucesso de Hush... Hush... Sweet Charlotte (1964), Bette Davis já estava numa fase de declínio onde os papéis que lhe eram atríbuidos já não eram tão bons e as suas participações, segundo dizem, eram aceites pelo número de cenas em que aparecia e não pela importância da personagem interpretada. Mas mesmo assim, o profissionalismo e a técnica da actriz eram irrepreensíveis e mais que suficientes para elevar a qualidade de qualquer produção desse mesmo período. The Nanny (1965) tinha tudo para ser um filme tipico de série B, mas a representação de Bette Davis, principalmente quando junto com William Dix, transformam as cenas num drama psicológico de uma tensão assoladora.
A história conta que depois de passar dois anos num colégio interno/reformatório devido a um acidente em que supostamente afogou a sua irmã menor na banheira, Joey de 10 anos (William Dix), volta para casa e o que os seus pais, Virginia e Bill querem é o regresso á normalidade no seio familiar. No entanto, pouco tempo depois, suspeitas ressurgem novamente em volta do pequeno Joey, quando a sua mãe é envenenada, mas Joey insiste que teria sido a Ama (Bette Davis) a responsável, uma senhora amável que trabalhara há anos para a família e que teria sido também a Ama da mãe dos menores.
Sem ninguém que acredite nele, Joey vê a sua Ama como outra pessoa, como alguém que ele também acredita ser a responsável pela morte da sua irmã.
A gestão da tensão, imbutida pelo brilhante argumento, é algo de fabuloso e anos de luz á frente do que era feito até então dentro do género e atrevemo-nos mesmo a dizer que mesmo vendo hoje o filme pela primeira vez, 45 anos depois, este continua a ser algo de absolutamente supreendente. Nunca sabemos até ao final se estamos perante ideações paranóides ou ideias persecutórias por parte da criança, ou se na realidade a Ama é o mal personificado.
Enormissimo aplauso em pé para Bette Davis, para um jovem actor de nome William Dix e para o realizador Seth Holt. Imperdível

sexta-feira, agosto 20, 2010

Black Swan (2010)

A tripulação de bordo pede aos passageiros que endireitem as cadeiras, apertem os cintos, recolham os tabuleiros porque a viagem irá ser atribulada, muitos poços de ar, percas de pressão, voos razantes e turbulencia.
O novo filme de Daren Aronofsky estreia em breve e já anda a ser elevado a filme de culto. Descubram-no.

quarta-feira, agosto 18, 2010

The Devil Rides Out (1968)

The Devil Rides Out, também conhecido como The Devil's Bride, foi um dos grandes sucessos dos estúdios Hammer, baseado no best seller de Dennis Wheatley de 1934. O argumento do filme, dirigido pelo mestre Terence Fisher, é uma adaptação bastante fiél ao livro, com as filmagens a terem o seu inicio nos estúdios a 7 de Agosto de 1967. A rodagem do filme durou cerca de um mês e chegou aos EUA com o título "The Devil's Bride" a 18 de dezembro de 1968.
Terence Fisher conseguiu com este seu filme uma fotografia extremamente apurada, uma excelente direcção de arte, uma atenção ao detalhe bastante acima da média do que era então produzido e sobretudo a grande mais valia é sem dúvida o grande Christopher Lee, inclusivé o filme foi feito porque Lee foi o grande impulsionador da idéia de passar para a tela a obra de Dennis Wheatley.
Ainda nos dias de hoje, sempre que Christopher Lee fala sobre o seu periodo na Hammer, considera este filme o seu favorito e declarou por diversas vezes de que gostaria de ver um remake da produção com ele mesmo no papel de um Duc de Richleau (personagem interpretada por Lee no filme), mas mais maduro.

terça-feira, agosto 17, 2010

The Hammer Collection Boxset (1960-1970)

Os estudios Hammer nasceram em 1948 e foram fundados por Will Hammer e Sir John Carreras, dentro da lógica de que os filmes de terror fantástico deveriam ser de entretenimento, contando uma boa história. Esta lógica seria defendida por Carreras e quase que referendada por Hammer. Apesar dos orçamentos baixos, o estúdio lançou filmes dentro dos típicos padrões de Hollywood dos anos 50, mas assumindo uma tradição que vinha do teatro inglês e francês, principalmente com base no Théâtre Grand Guignol, de Paris.
No entanto, viria a ser a televisão quem, indirectamente, faria com que os Hammer Studios tivesse os seus primeiro sucessos. A televisão britanica produziu na década de 50 uma série de ficção-científica chamado The Quatermass Experiment, baseada no personagem Bernard Quatermass, ciêntista que enviara um foguete para o espaço e quando este regressou, trouxe uma forma de vida alienígena que tomou conta do corpo do astronauta enviado para comandar a missão. A Hammer fez um versão cinematográfica da série, The Quatermass Xperiment, em 1955, logo seguido de sequelas: X the Unknown, de 1956; Quatermass II, de 1957. O sucesso destes filmes e dos monstros alienígenas que eles apresentavam estimulou o estúdio a investir no cinema fantástico/horror/sci fi. Um dos acontecimentos que jogaria a favor da explosão da Hammer foi o facto da Universal Pictures estar a abrandar a sua produção de filmes de terror, dando a oportunidade á Hammer em fazer um acordo com o estúdio norte-americano conseguindo os direitos de Frankenstein e Drácula. Para grande surpresa surpresa dos mundo do cinema e da própria Hammer, o filme The Course of Frankenstein (dirigido por Terence Fisher, com guião de Jimmy Sangster e com participações de dois actores até então desconhecidos Peter Cushing e Christopher Lee) tornou-se um inusitado sucesso de bilheterias. Filmado em Technicolor, o filme mostrou o personagem de Mary Shelley como nunca tinha sido visto até então: com cores e bastante violência. Os Est+udios Hammer utilizavam praticamente sempre a mesma equipa técnica e de actores, filmavam vários filmes em simultaneo e de uma destas produções (junto com a Universal, que, além de financiar metade do filme, fazia a distribuição internacional) nasce o filme Horror of Dracula, fazendo um sucesso ainda maior do que seu antecessor e imortalizou Christopher Lee como o segundo grande Drácula do cinema (o primeiro tinha sido o eterno Bela Lugosi). A partir destes dois filmes, a Hammer nunca mais parou de produzir e fazer sucesso. Com histórias simples, aproveitando-se da imagem popular dos personagens de terror, usando habilmente as cores e o sexo (as mulheres eram escolhidas pela sua beleza, sensualidade e seios grandes, sendo que quase sempre eram vestidas com roupas de decotes bastante generosos). Christopher Lee faria várias vezes o personagem Drácula e Peter Cushing seria conhecido como o seu eterno nemesis - Van Helsing.
A Hammer Collection Boxset é uma edição em DVD absolutamente fabulosa. Contém cerca de 21 DVD, nos quais estão armazenados os 21 clássicos dos estúdios Hammer, com uma mão cheia de extras (documentários/trailers/comentários aúdio), fazendo-se menção honrosa ao filme The Nanny, disponível pela primeira vez em formato digital. A box contém: 'Blood From The Mummies Tomb', 'Demons Of The Mind', 'The Devil Rides Out', 'Viking Queen', 'Dracula, Prince Of Darkness', 'Fear In The Night', 'Frankenstein Created Women', 'The Horror Of Frankenstein', 'The Nanny', 'One Million Years BC', 'The Plague Of The Zombies', 'Prehistoric Women', 'Quartermass And The Pit', 'Rasputin The Mad Monk', 'The Reptile', 'The Scars Of Dracula', 'SHE', 'To The Devil A Daughter', 'The Vengeance Of SHE', 'Straight On Till Morning' and 'The Witches'. Absolutamente imperdível.
A primeira crítica de uma série que iremos fazer, será do filme The Devil Rides Out (1968), também conhecido por The Devil's Bride.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Christine (1983)

Nasceu em Detroit - esta é talvez a melhor forma de descrever o ínicio de um dos grandes filmes de John Carpenter, adaptado de uma obra de Stephen King. Forjado numa linha de montagem de automóveis. Mas não é um carro qualquer. No interior do seu chassi esconde-se o próprio diabo. Christine - um Playmouth Fury de 1958 -, vermelho e branco, tem um insaciável desejo de vingança, capaz de gelar o sangue a qualquer um e de destruir todo aquele que se mete no seu caminho. Seduz Arnie Cunningham (Keith Gordon ), um rapaz de 17 anos, apaixonado por aquelas linhas estilizadas e curvilíneas, como se de uma mulher se tratasse. O automóvel exige uma devoção absoluta e incondicional, e se alguém tentar intervir, a morte é certa.
O cinema a partir de meados da década de 70 começou a ser invadido com filmes que visavam um filão recém-descoberto que renderia muito dinheiro às produtoras: o público adolescente. Histórias sempre de jovens banais, com problemas "banais" em situações completamente "banais" era o que se tinha de sobra. Esse padrão era quase constante, com pouquíssimas exceções de filmes adolescentes que mantinham um certo rigor tanto no argumento, como na direção.
Christine tem a direção do grande John Carpenter que mais uma vez brilha, ditando um ritmo claustrofóbico e proporcionando uma mão cheia de enquadramentos genias (ah! aquele widescreen fabuloso)
Para muitas pessoas na faixa dos trinta anos este é mais um filme de referência, simbolizando a sua própria adolescência e uma geração, mas este é também uma das poucas adaptações da obra de S. King (contam-se pelos dedos de uma mão) que realmente funciona de forma soberba.
É um filme para recordar e para descobrir sem restrições algumas.