terça-feira, janeiro 08, 2013

Django Unchained (2012)

A história dos EUA não se fez com a maior das diplomacias, fez-se com sangue! É curioso que uma das maiores potências mundiais tenha uma das mais curtas histórias de que há memória, o novo mundo como outrora o chamaram é um país de contrastes, onde algumas das ideias e sentimentos que povoam o filme de Tarantino ainda persistem na penumbra. É do conhecimento comum para o mais comum dos americanos, que o Sul não é tão livre como outros estados norte-americanos do norte, costa este ou oeste. E é aqui que o filme de QT se torna um objecto interessante, de uma coragem brutal, propondo-se a falar sobre algo que ainda persiste veladamente na história americana, e é aqui que surge o maior elo de ligação entre Django Unchained e Inglorious Basterds. É fácil "samplar" o típico filme de guerra dos anos 60/70, é relativamente fácil abordar o tema holocausto baralhando as cartas e voltando a dar sob a forma de um objecto lúdico, sem melindrar as vítimas do mesmo. É que aqui existe um distanciamento critico, o mal vem de fora, de uma outra nação, sob a forma de um Hitler ridicularizado, ao passo que em Django o mal está no seio da nação americana, sob a forma da escravidão. Nos dias que correm e com tudo o que vem acontecendo no mundo, com filmes que retratam a perseguição e o abate de Bin Ladden, é raro e corajoso ver um realizador americano colocar o dedo na ferida, é normal que isso incomode personalidades como Spike Lee, mas se tivermos que esperar alguma coisa de Quentin Tarantino é o inesperado.
Django Unchained é talvez o filme mais linear de QT, uma enorme homenagem ao western spaghetti e a cineastas como Sergio Leone e Sergio Corbucci, é uma ode ao sampling cinematográfico de género, é o equilibrio perfeito entre um mais pausado Inglorious Basterds e um furioso Kill Bill, contando com representações memoráveis tais como um DiCaprio a rebentar a escala e o inspiradíssimo Christopher Waltz. 
Há cinco anos atrás QT referiu-se ao filme da seguinte forma: “Quero criar filmes que lidem com o horrível passado de escravatura da América, mas fazê-los como western spaghetti (...) enfrentarão tudo aquilo com que a América nunca se defrontou por sentir vergonha".
Para o Palhacinho do Demo é o melhor filme de 2012.     

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