segunda-feira, maio 03, 2010

The Stuntman (1980)

Cameron é um fugitivo da polícia, que acidentalmente causa a morte de um duplo de cinema durante as rodagens de um filme. Eli Cross (magistralmente interpretado por Peter O'Toole) é o realizador do filme que ao se aperceber que Cameron anda fugido á justiça, diz ás autoridades que este faz parte da equipa de filmagens. Em troca exige que este trabalhe como o duplo que morreu em cenas cada vez mais arriscadas, fazendo-o pensar na possibilidade de poder morrer durante as filmagens a fazer algo completamente impossível.
Existem múltiplas leituras e formas de se apreciar este filme. Como um filme sobre os bastidores do cinema, inclui-se na categoria do filme dentro do filme. Como um filme de arte é uma obra que, justamente, mereceu três nomeações aos Óscares, inclusive de Peter O'Toole como melhor actor (perdeu para Robert de Niro, em "O Touro Enraivecido") e a Richard Rush como melhor realizador.Mas é como filme fábula, de autor, artisticamente irrepreensível, quase surrealista em alguns momentos, com nítidos e claros elementos em comum com o clássico de Fellini - Oito e Meio (1963), que The Stuntman é referenciado pela critica como um dos filmes mais fascinantes e simplesmente perfeito da sua década.
The Stuntman prova que mesmo nos Estados Unidos, filmes que ousam utilizar uma linguagem menos convencional e se propõem a tocar o dedo em certas feridas e temas perigosos acabam por ser penalizados, como foi o seu caso, realizado em 1979, por um produtor independente - Melvim Simon, permaneceu meses nas prateleiras, sem obter um lançamento digno da sua importância. O seu realizador, Richard Rush, chegou a sofrer um enfarte de tanta preocupação com o filme e o próprio actor Peter O'Toole teve que utilizar a sua fama e prestígio para quebrar a barreira de silêncio que se impôs a respeito desta obra. Finalmente lançado nas salas, "The Stunt Man" obteve um grande acolhimento da crítica e concorreu aos Óscares de 1981, com 3 nomeações.
A obra de Richard Rush é sem dúvida um de poucos filmes a abordar a temática da "paranóia" de forma exemplar (atrevemo-nos mesmo a dizer "de forma perfeita"), a par com outros poucos tais como: Repulsa (Roman Polanski) e O Jogo (David Fincher).
The Stuntman tem uma atmosfera onírica extremamente bem conseguida, um sentido de ritmo assustadoramente apurado, um argumento brilhantemente bem escrito, um excelente naipe de actores, uma banda sonora "brutal" e aqui chamamos a vossa atenção para o fabuloso genérico inicial do filme, com o tema principal da banda sonora, que muito dificilmente poderão dizer que desconhecem.
Caros leitores, se o objectivo é ver cinema com "C" grande do final da década de 70, as escolhas são efectivamente poucas e The Stuntman está no topo da lista.

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