quinta-feira, novembro 11, 2010

The American (2010)

Num ano em que as grandes surpresas cinematográficas têm sido difinitivamente guardadas para o fim, eis que nos chega um pequeno "G"rande filme chamado The American.
Desde John Ford, o anti-herói do cinema americano consiste num protagonista parco em palavras, sombrio, misterioso e que, embora pareça agir com boas intenções, é sempre de moral duvidosa, uma vez que esse anti-heroi é simultâneamente um matador. O veneradíssimo cineasta italiano Sérgio Leone é citado em The American, isto porque foi talvez ele o criador da concepção mais mítica do anti-herói através da personagem do "homem sem nome", interpretado pelo impassível Clint Eastwood.
Em The American, o assassino solitário interpretado pelo genial "George-vai ser nomeado ao Oscar-Clooney" também não tem nome e identidade definida, por vezes é chamado de Jack, ou também Edward. Diz-se movido por boas causas, mas sabe que Deus não se importa com ele. Se o anti-herói tradicional se mantém na zona cinzenta entre o bem e o mal, logo na abertura do filme na sequência pré-genérico, Jack/Clooney choca-nos com o seu lado maligno e perverso. Após o prólogo, o arrependimento acompanhará o personagem durante toda a sua nova missão. Estamos perante um thriller soberbo, a fazer lembrar alguns grandes filmes de Jean Pierre Melville (Le Cercle Rouge), mas também nos é contada uma história de redenção e de uma culpa, que contamina Jack/Edward como se de um vírus se tratasse. Nesta perspectiva pesa a importância de personagens do filme, como um padre e uma prostituta, através das quais Jack/Edward tentará lidar com os seus sentimentos.
O realizador Anton Corbijn, responsável pelo inferior Control (2007), prima por uma composição económica e precisa, com um ritmo que toma o seu tempo sem grandes pressas e aproveitando a luz natural da paisagem bucólica da região montanhosa italiana de Abruzzo. Corbijn minimiza os diálogos e busca o mais no menos de cada personagem. As perseguições e tiroteios estão longe de um inspirado John Woo, reduzindo-se à essência de cada cena e qual a importância da acção para servir a história.
Homenagem sentida a Sergio Leone, suspense digno de John Frankenheimer, fotografia pastel e soturna à Michelangelo Antonioni e uma atmosfera sofisticada e cool à altura de Jean-Pierre Melville, The American é a par com Social Network, um dos grandes filmes do ano, nós diriamos mesmo que lhe é superior e será sem dúvida alguma um dos grandes filmes de culto da década. E sim! Clooney é assombroso no filme.

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